Psicóloga fala sobre a dor da exclusão

Psicóloga fala sobre a dor da exclusão



A exclusão social é um fenômeno complexo que pode ter diferentes causas e consequências, e a psicologia tem um papel importante em compreender e abordar esse problema. De forma geral, a exclusão social pode ser definida como a marginalização de indivíduos ou grupos devido a características pessoais, econômicas, culturais, políticas, entre outras.


Possíveis consequências da exclusão


A psicologia social, por exemplo, tem investigado os efeitos da exclusão social na saúde mental e bem-estar dos indivíduos, incluindo a ansiedade, a depressão, a baixa autoestima, entre outras consequências negativas. Além disso, a psicologia social também tem estudado os processos sociais que levam à exclusão social, como o preconceito, a discriminação e a estigmatização.

Outra área importante da psicologia que tem contribuído para a compreensão da exclusão social é a psicologia comunitária. Essa abordagem enfatiza o papel das comunidades na promoção do bem-estar e na prevenção da exclusão social, e busca envolver os membros da comunidade em ações coletivas para enfrentar os desafios sociais.


O Sentimento de exclusão


Alguma vez você se sentiu um estranho em algum ambiente, com aquela sensação de não pertencer ao meio?


Parece que você não fala a mesma língua, que seus pensamentos, sentimentos e emoções não se conectam aos outros.

Se você alguma vez já se sentiu assim, fique tranquilo: isto é normal. Não é legal, nem divertido, mas é normal. 


Como surge o sentimento de exclusão


Vivemos numa sociedade que prioriza o individualismo, onde é ensinado que cada um fique "no seu quadrado". 

A consequência mais direta disso é que as pessoas estão perdendo a capacidade básica de se relacionar, dificultando a interação social.  

Por isso é cada vez mais frequente vermos indivíduos conversando com aquele amigo pelo whatsapp do que com a pessoa ao seu lado.

A internet também tem lá sua parcela de culpa....


Com a facilidade de segmentação de assunto, as pessoas tendem a se relacionar com pessoas que pensam "da mesma forma". 

A possibilidade de descartar contatos com quem não se tem afinidade tem colaborado para que muitos prefiram esta forma de interação.

Porém, no mundo offline não é possível deletar pessoas, embora muitas sintam-se (literalmente) deletadas da vida alheia.


Como a exclusão afeta as pessoas


Quem mais sofre com isto são as pessoas mais sensíveis, inovadoras, assertivas, que gostam de trocar ideias, pedir opiniões, palpites, dar e receber conselhos. 

E sofrem porque simplesmente não encontram ECO no ambiente.

Parece que estão interagindo com estátuas de mármore. suas investidas para estabelecer alguma relação de cordialidade geralmente são rebatidas com atitudes de frieza ou hostilidade.

Sentem-se ESTRANGEIROS, como se falassem um idioma que ninguém entende. 

Suas ideias são consideradas utópicas;
Suas atitudes  são consideradas bizarras; 
Seu estilo considerado inadequado;
Seu comportamento considerado ousado;

Como proceder?

Como fazem os estrangeiros em terras distantes: aceitando do outro aquilo que ele tem pra dar, sem impor suas ideias (o que o tornaria uma pessoa "chata"); buscando ajustar-se ao que o meio exige, sem perder o brilho de sua personalidade inovadora, determinada, e sagaz.

Não convém esperar que as pessoas admirem ou aplaudam os "estrangeiros". 

É esperado que as pessoas tenham medo de quem pensa diferente. 

É importante não se deixar intimidar por atitudes hostis, e desenvolver formas de enfrentamento que evitem o confronto direto e hostilidade de quem pensa diferente. 

A compreensão é porta de entrada para uma boa convivência.

Algumas referências relevantes sobre a compreensão da exclusão social na psicologia incluem:

Doise, W. (2016). Social exclusion and the construction of the self. In J. Jetten, C. Haslam, & S. A. Haslam (Eds.), The social cure: Identity, health and well-being (pp. 89-105). Psychology Press.
Maitlis, S. (2013). Social exclusion: A social psychological analysis. Journal of Social Issues, 69(1), 38-53.
Montero, M., & Sonn, C. C. (Eds.). (2011). Psychology of liberation: Theory and applications. Springer.
Perkins, D. D., Florin, P., Rich, R. C., Wandersman, A., & Chavis, D. M. (1990). Participation and the social and physical environment of residential blocks: Crime and community context. American Journal of Community Psychology, 18(1), 83-115.
Essas referências podem ser um ponto de partida para aqueles interessados em entender melhor a perspectiva da psicologia sobre a exclusão social e suas implicações para a saúde mental e o bem-estar individual e coletivo.