"Cadê minha Alma Gêmea?"A busca da relação perfeita

"Cadê minha Alma Gêmea?"A busca pelo relacionamento perfeito.

"Cadê minha Alma Gêmea?" A busca pelo relacionamento perfeito.




A Sra. X sempre teve medo de se envolver emocionalmente. 

Ela viu muitos relacionamentos fracassarem ao seu redor e temia que o mesmo acontecesse com ela. 

Ela queria alguém que pudesse amar, alguém que pudesse apoiá-la e que pudesse ser seu companheiro para sempre.

Mas a Sra. X nunca encontrou essa pessoa "perfeita" que ela sempre imaginou. 

Ela conheceu muitas pessoas que pareciam boas em um primeiro momento, mas sempre havia algo que a impedia de se entregar completamente. 

Buscava a "alma gêmea", aquela pessoa que preencheria todas as suas expectativas e com quem tinha esperanças  de ter um relacionamento perfeito.

Mas, quanto mais a Sra. X buscava essa pessoa, mais ela se decepcionava. 

Percebeu que, mesmo que encontrasse alguém que parecesse perfeito no início, eventualmente, as imperfeições apareceriam. 

Um dia, sua "ficha caiu" e percebeu que ela mesma tinha suas próprias falhas e imperfeições que afetavam seus relacionamentos.

A busca pela ajuda emocional


Foi então que a Sra. X decidiu fazer terapia. 

Ela trabalhou com uma psicóloga para explorar seus medos e inseguranças em relação aos relacionamentos. 

Aprendeu assim, que ninguém é perfeito.

um relacionamento feliz exige trabalho, esforço e comprometimento de ambas as partes. 

Em paralelo, também aprendeu a se aceitar e a se amar mais, o que a ajudou a se conectar melhor com as outras pessoas.

Aos poucos, começou a mudar suas expectativas em relação aos relacionamentos. 

Foi percebendo que não precisava de alguém "perfeito" para ser feliz. Isso nem existe, na verdade!

Deixando de lado sua intolerância, aprendeu a apreciar as qualidades únicas das pessoas ao seu redor e a aceitar seus defeitos.

E, com o tempo, a Sra. X encontrou alguém que a amava verdadeira, e a aceitava exatamente como era.

Esse relacionamento não era perfeito, mas eles trabalharam juntos para construir algo que fosse forte e duradouro. 

A Sra. X percebeu que, embora a "alma gêmea" possa ser um ideal atraente, é na realidade uma ilusão, e que a verdadeira felicidade vem da aceitação, do comprometimento e do amor mútuo.


O mito da alma gêmea


O mito da "alma gêmea" é um conceito que remonta à Grécia Antiga, e é frequentemente associado ao filósofo Platão. 

Segundo Platão, no diálogo "O Banquete", as almas humanas eram originalmente andróginas e possuíam quatro pernas, quatro braços e duas cabeças. 

Essas almas eram tão poderosas que desafiaram os deuses, então Zeus as dividiu em duas metades, cada uma com apenas duas pernas, dois braços e uma cabeça. 

Desde então, essas metades separadas têm procurado se reunir, a fim de se tornarem uma só novamente.

De acordo com Platão, a ideia de encontrar nossa "outra metade" é uma busca pelo amor verdadeiro e pelo sentido da vida. 

Ele acreditava que nossas almas eram incompletas sem nossa "alma gêmea" e que encontrar essa pessoa era a chave para a felicidade e a realização.

Embora o conceito de "alma gêmea" possa ser atraente, muitos filósofos e psicólogos modernos criticam essa ideia. 

Eles argumentam que a busca pela "alma gêmea" pode levar a expectativas irreais e a decepções emocionais, já que nenhuma pessoa é perfeita ou pode preencher todas as nossas necessidades emocionais. 

Além disso, a busca por um relacionamento perfeito pode levar à idealização excessiva e a uma falta de aceitação das diferenças e imperfeições que fazem parte de todo relacionamento.

Apesar disso, o mito da "alma gêmea" continua sendo um conceito popular e inspirador em muitas culturas e tradições. 

Para alguns, a busca pela "alma gêmea" pode ser uma jornada significativa e gratificante, mas é importante lembrar que a verdadeira felicidade e realização podem ser encontradas em relacionamento saudáveis e significativos, independentemente de haver ou não uma conexão mística ou cósmica entre duas pessoas.

Psicóloga explica: a busca pela alma gêmea

Psicólogos renomados tendem a ter diferentes perspectivas sobre a busca pela "alma gêmea". 

Alguns argumentam que essa busca pode ser um ideal saudável e positivo para alguns indivíduos, enquanto outros acreditam que a ideia da "alma gêmea" é um mito romântico que pode ser prejudicial para a saúde emocional.

Por exemplo, o psicólogo Robert Sternberg propôs a "Teoria Triangular do Amor", que enfatiza a importância de diferentes componentes do amor, como a intimidade, a paixão e o compromisso. 

De acordo com essa teoria, um relacionamento saudável e duradouro exige mais do que apenas a conexão mística ou atração instantânea que muitas vezes é associada à ideia da "alma gêmea".

Outros psicólogos, como Esther Perel, enfatizam a importância de aceitar as diferenças e as imperfeições de um parceiro e de cultivar um senso de autoconsciência e autoaceitação. 

Ela argumenta que a busca pela "alma gêmea" pode levar a um perfeccionismo insalubre e a uma falta de aceitação das imperfeições de um parceiro.

Por fim, alguns psicólogos argumentam que a ideia da "alma gêmea" é um mito prejudicial que pode levar a expectativas irreais e a decepções emocionais. 

Eles enfatizam a importância de encontrar um parceiro compatível e saudável, mas também enfatizam a necessidade de aceitar que nenhum relacionamento é perfeito ou livre de conflitos e dificuldades.

Em resumo, há diferentes perspectivas dentro da psicologia sobre a busca pela "alma gêmea", e a abordagem mais apropriada pode depender das necessidades e valores individuais de cada pessoa.

Não há nada errado em buscar relacionamentos com pessoas que tenham afinidade, mas os problemas começam quando as exigências limitam as escolhas. 

Esta busca se justifica em partes pelo medo de se envolver afetivamente com pessoas que poderão trazer sofrimentos futuros, como traições, agressões ou prejuízos materiais (ou tudo isso junto). 

Desta forma, a busca pela "alma-gêmea" seria a busca por alguém que compartilhe os mesmos valores éticos e morais. 

Deve-se observar que o simples fato de encontrar alguém com o mesmo nível sócio-econômico-cultural-social-psicológico não é garantia de prosperidade no amor. 

Mesmo que um casal compartilhe do mesmo padrão de vida, padrões psicológicos, níveis culturais pode apresentar diferenças na forma de olhar o mundo.


O que é a alma gêmea


Outro ponto a considerar: alguns indivíduos imaginam que a "alma gêmea" é aquela que se comporte da mesma forma que eles. Se enviam mensagem três vezes ao dia, esperam que o outro faça o mesmo; se respondem em menos de três minutos, esperam que o outro também o façam.

Não conseguem lidar com a frustração de não ver suas necessidades afetivas serem atendidas no seu tempo. Ignoram que o outro tem o tempo dele. Reclamam atenção constante, o que afasta o seu parceiro afetivo. E buscam uma nova "alma-gêmea".

A reflexão que eu proponho é será que esta busca pela "alma-gêmea" não seria uma forma de jogar nos ombros alheios a dificuldade em lidar com as frustrações no relacionamentos? 

Naturalmente, alguns pontos devem ser observados: a diferença gritante de valores éticos e morais pode ser um levar um relacionamento à falência,


O amor precisa de alguns pontos de sustentação


Os principais pontos são: a paixão, intimidade e comprometimento:

  • Paixão - Corresponde ao tanto de atração física e desejo pelo outro;
  • Intimidade - O quanto o parceiro se mostra confiável para guardar e compartilhar segredos;
  • Comprometimento - Envolve relações de cuidado com o outro.

Desta forma, a busca pela alma-gêmea não deveria se caracterizar por padrões estéticos, financeiros, sociais e culturais, mas sim, pelo tanto de investimento afetivo que o outro está disposto a dar, pois o que sustenta a relação, na verdade não são os pontos em comuns, mas o tanto de tolerância que se tem com os pontos divergentes do outro.

Em resumo: a "alma-gêmea" deveria ser alguém que compartilhe nossos defeitos e os tolere, e não alguém que exalte nossas qualidades. 

Referências bibliográfica


Platão. "O Banquete". Editora Martin Claret, 2007.

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