Os Psicólogos e a Política Brasileira

Os Psicólogos e a Política Brasileira

O Código de Ética do Psicólogo, em seu art. 2º, afirma que é vedado a este: 

I- Induzir a convicções políticasfilosóficasmoraisideológicasreligiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais.

Fonte: https://crp04.org.br/nota-de-orientacao-sobre-laicidade-religiao/


Os Psicólogos e a Política Brasileira - Psicóloga SP


Considerando que o foco do nosso trabalho é o indivíduo e suas singularidades, que nosso papel é compreender as particularidades, e ajudar as pessoas encontrarem o caminho do seu bem estar emocional, é óbvio que não nos cabe fazer alusões políticas em nossos atendimentos.

É preciso, acima de tudo, mantermos nosso foco no trabalho de promover a saúde mental dos nossos pacientes, independente do que ocorre no cenário político fora das portas de nossos consultórios.

A pessoa que vem até nós, é a pessoa humana, que sofre os reveses de alguma dor emocional muito forte, geralmente está cansada. 

Cansada de ser mal tratada, mal compreendida, cansada de não ter voz.

Esta pessoa busca a Psicoterapia justamente para ter onde falar, para expor seus pensamentos sem medo de julgamento ou de crítica. 

E espera apenas ser ouvida e acolhida. 

Não espera ouvir sermões políticos, não espera que seu psicólogo defenda ideologias políticas de qualquer natureza, sejam elas de esquerda, de direita, de centro, anarquistas, monarquistas, comunistas, nazistas, fascistas, marxistas, liberais,  democráticas, antidemocráticas, extremimismos, "anti-isso", "anti-aquilo", "Pró-isso, pró-aquilo" etc.

O único partido que deve interessar à Psicóloga, no exercício de sua profissão, é o "coração partido" do paciente que está à nossa frente, expondo suas dores. Segundo Heidegger:


Que algo, algo vivenciado, se dá sempre de algum modo (o que me vem ao encontro – eu mesmo, que me venho ao encontro de formas distintas), podemos formulá-lo também dizendo que aparece, que é fenômeno.

 M. Heidegger: Gesamtausgabe (GA) 62 B, 364-366 e 368 


Seguindo a linha Heideggeriana, de encontrar formas distintas para os problemas, devemos focar no fenômeno em si, ou seja no problema existencial que o paciente nos trás. A Fenomenologia nos inspira a fazer a redução eidética, segundo Husserl, para encontrar a essência das coisas.


As convicções políticas do Psicólogo NUNCA devem entrar pela porta do consultório. Se elas existem, que fiquem do lado de fora. Nosso compromisso é com o paciente, não com as diferentes correntes ideológicas.

É nosso dever amparar o indivíduo na sua particularidade, ouvi-lo, compreender seu universo, e auxiliá-lo dentro do seu mundo, com as ferramentas emocionais que dispõe, não com as ferramentas que achamos certas.

Entra governo, sai governo, as ideologias mudam, os ideais políticos mudam, e os conflitos existenciais continuam. Nunca haverá decreto, lei, programa de governo que impedirá as pessoas de sofrerem desilusões, rejeições, descrenças, etc. Nenhuma ideologia política vai apagar a dor emocional que um indivíduo trás em seu coração. 


Mas, e quando o paciente tenta impor suas convicções política ao Psicólogo?

É... então, isso é uma armadilha que muitos Psicólogos podem cair.

É preciso analisar com cautela qual o sentido desta imposição no processo psicoterapêutico e compreender qual a finalidade de entrar neste tema delicado com o Psicólogo. 

Estaria o paciente "testando" o profissionalismo do Psicólogo por meio das respostas sobre convicções políticas? (Já vi isso acontecer também quando o assunto é religião e sexualidade).

Paciente "Doutora, a senhora vai votar pra quem"?

Psicóloga "Qual o sentido desta pergunta pra você, neste momento?"

Paciente: "Eu não quero ser atendido por uma Psicóloga que pense diferente de mim na política, e tenho medo de levar sermão por causa das minhas opiniōes"

Psicóloga "A Psicologia não segrega pessoas com base em suas orientaçōes, afinal é uma ciência que evolui a cada instante; mas está sempre pronta a acolher toda e qualquer demanda. Não existe assuntos proibidos em um setting Psicoterapêutico. Vamos juntos buscar compreender o que está te deixando tão angustiado, ok?"

Quando o paciente perguntar qual sua convicção política, caro colega psicólogo, não responda diretamente, para não violar o código de ética, e sim mostre a ele, que, naquele momento de Psicoterapia, O PACIENTE É MAIS IMPORTANTE do que qualquer outro assunto. 

Devemos focar no problema imediato da pessoa e não no cenário político do país ou do mundo, seja ele qual for, e de que forma isto afeta nosso paciente?

Será que é apenas uma questão política? Ou envolvem questōes de autoestima, identidade cultural, social, regional? Vamos tentar entender e elaborar estas questōes.

Evite emitir opiniões neste sentido, sejam elas contra ou a favor da ideologia apresentada pelo paciente.

Busquemos a neutralidade e o profissionalismo acima de tudo!


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