Não devemos usar depoimentos de pacientes como forma de propaganda porque isso viola princípios éticos importantes na prática da psicologia.
Art. 54 – Em sua publicidade, o psicólogo não poderá utilizar diagnóstico psicológico, análise de caso, aconselhamento ou orientação psicológica que, de alguma forma, identifiquem o sujeito.”(Resolução CFP nº 003/2007).
Existem algumas razões pelas quais essa prática é desencorajada:
- Confidencialidade: A confidencialidade é um pilar fundamental da relação terapêutica. Os pacientes confiam que suas informações pessoais e experiências compartilhadas durante a terapia serão mantidas em sigilo. Usar depoimentos de pacientes como forma de propaganda pode comprometer essa confidencialidade e violar a privacidade dos indivíduos.
- Proteção do paciente: A utilização de depoimentos pode expor os pacientes a riscos potenciais. Mesmo que sejam mantidos anonimamente, outros indivíduos podem reconhecer a história ou identificar o paciente. Isso pode levar a situações desconfortáveis ou indesejadas para o paciente, prejudicando seu bem-estar emocional.
- Relação de poder: A relação entre terapeuta e paciente é desigual em termos de poder e autoridade. Os pacientes podem se sentir pressionados a fornecer depoimentos positivos para agradar o terapeuta ou por receio de consequências negativas. Isso pode comprometer a honestidade e a autenticidade dos depoimentos, distorcendo a verdadeira experiência do paciente.
- Responsabilidade profissional: Os psicólogos têm a responsabilidade de agir de acordo com os códigos de ética profissional estabelecidos pelas associações e conselhos de psicologia. Esses códigos geralmente proíbem o uso de depoimentos de pacientes para evitar conflitos de interesse, práticas enganosas ou exploração da vulnerabilidade dos pacientes.
Em vez de depoimentos de pacientes, é mais apropriado que os psicólogos compartilhem informações gerais sobre sua abordagem terapêutica, experiência profissional e qualificações acadêmicas.
Também é útil fornecer referências profissionais ou outras formas de validação, como certificados e participação em organizações reconhecidas.
É importante lembrar que a busca por um psicólogo deve ser baseada em critérios objetivos, como especialização, experiência, confiança e compatibilidade com o paciente. Raramente os pacientes se baseiam apenas em avaliações ou depoimentos de terceiros.
É importante distinguir quando os pacientes espontaneamente deixam avaliações ou comentários em plataformas de mídia social, pois eles têm o direito à liberdade de expressão. Nesses casos, os psicólogos não têm controle sobre as opiniões expressas pelos pacientes.
No entanto, é crucial não utilizar esses depoimentos como uma forma de propaganda, exibindo-os fora do contexto original em que foram gerados. Isso pode distorcer a experiência do paciente e ser considerado uma prática enganosa.
A Troca de serviços.
É importante ressaltar que trocar avaliações por serviços pode comprometer a ética profissional dos psicólogos. Essa prática é desaconselhada e pode ser considerada antiética.
As avaliações devem ser baseadas na experiência real do paciente, sem qualquer tipo de influência externa ou benefício adicional em troca. Essa abordagem visa garantir a imparcialidade e a integridade das avaliações, bem como a transparência no relacionamento entre profissional e paciente.
Em vez de depender de depoimentos para atrair novos clientes, os psicólogos devem focar em fornecer informações relevantes sobre sua abordagem terapêutica, experiência profissional, formação acadêmica e certificações.
Também é apropriado mencionar associações profissionais às quais pertencem, respeitando sempre os códigos de ética e as diretrizes estabelecidas pelas entidades reguladoras da profissão.
Dessa forma, a publicidade do psicólogo pode ser feita de maneira ética, transparente e respeitando a confidencialidade e a privacidade dos pacientes.
É importante lembrar que a busca por um psicólogo deve ser baseada em critérios sólidos, como a qualificação profissional, a confiança mútua e a compatibilidade terapêutica, em vez de depender de depoimentos de terceiros, que nem sempre refletem o profissionalismo exato.
O Uso do preço como forma de propaganda
Embora seja bastante usual escolher produtos e serviços com base no orçamento, os Psicólogos devem focar sua publicidade em outra direção.
Por exemplo na qualidade do serviço psicológico não pode ser avaliada apenas pelo preço cobrado. Existem diversos fatores que influenciam a qualidade do atendimento, como a formação do psicólogo, sua experiência, abordagem terapêutica, empatia e habilidades de comunicação.
Colocar o foco exclusivamente no preço pode levar as pessoas a tomarem decisões baseadas apenas em aspectos financeiros, sem considerar a qualidade do serviço oferecido.
Portanto, é mais adequado que os psicólogos se concentrem em promover sua experiência, competência, abordagem terapêutica e resultados alcançados, em vez de utilizar o preço como estratégia de propaganda.
Dessa forma, os pacientes poderão fazer escolhas mais conscientes e embasadas, considerando critérios mais relevantes para a sua saúde mental e bem-estar.
Não fará auto-promoção em detrimento de outros profissionais;
Embora seja importante enfatizar a importância de evitar qualquer forma de desqualificação de outros profissionais, é necessário ter cautela ao citar exemplos específicos de termos usados na propaganda, pois eles podem variar de acordo com o contexto e a situação. No entanto, é possível destacar algumas práticas que devem ser evitadas:
- Comparação negativa: Evitar declarações que deem a entender que o trabalho de outros profissionais é inferior ou menos eficaz em comparação com o seu próprio. Por exemplo, afirmar que outros psicólogos não possuem conhecimento atualizado ou não utilizam abordagens eficientes.
- Desvalorização de abordagens: Evitar desqualificar determinadas abordagens terapêuticas, como afirmar que uma abordagem específica é obsoleta, ineficaz ou menos válida do que outras.
- Generalizações negativas: Evitar generalizações negativas sobre outros profissionais, como dizer que todos os psicólogos de uma determinada área não são competentes ou não possuem as habilidades necessárias.
- Declarações difamatórias: Evitar fazer comentários negativos ou difamatórios direcionados a outros profissionais, pois isso pode prejudicar a reputação deles e gerar uma competição desleal.
Em vez de focar na desqualificação de outros profissionais, é mais produtivo destacar suas próprias qualificações, experiência, especialidades e os benefícios que você pode oferecer aos pacientes. Isso permite que as pessoas tomem decisões informadas com base em suas necessidades individuais e promove uma cultura de respeito e colaboração na área da psicologia.
O que diz o código de Ética:
Não é recomendado o uso de depoimento de pacientes na divulgação profissional, tendo em vista que a(o) Psicóloga(o) poderá ser questionada (o) eticamente quanto a uma possível divulgação abrangendo previsão taxativa de resultados, autopromoção, divulgação sensacionalista, violação ao sigilo profissional, e/ou exposição indevida da(o) beneficiária(o) do serviço.(CRP-PR)
Art. 19 O psicólogo, ao participar de atividade em veículos de comunicação, zelará para que as informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito das atribuições, da base científica e do papel social da profissão.
Art. 20 – O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por quaisquer meios, individual ou coletivamente:
a) Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro;
b) Fará referência apenas a títulos ou qualificações profissionais que possua;
c) Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a técnicas e práticas que estejam reconhecidas ou regulamentadas pela profissão;
d) Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda;
e) Não fará previsão taxativa de resultados;
f) Não fará auto-promoção em detrimento de outros profissionais;
g) Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras categorias profissionais;
h) Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais.
REFERÊNCIAS
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA.
Guia de Orientações para Profissionais.
[Online].
Disponível em https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2007/02/resolucao2007_3.pdf.
Acesso em 23/05/2020.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DO PARANÁ.
Guia de orientação – Divulgação Profissional[Online]
https://crppr.org.br/guia-de-orientacao-divulgacao-profissional.
Acesso em 23/05/2020.